Recife, 25 de março de 2010.
Querido,
Peguei minhas sapatilhas de primeira comunhão e pintei de rosa. O resto da tinta joguei pela janela, calçada a fora. A tinta escorreu, pintou as ruas; e foram minhas mãos sujas que pintaram as tuas. Tirei de mim o marasmo e a apatia, deixei pra ti só meu bem e poesia. Com a tinta ainda fresca, as sapatilhas eu calcei e o vestido que vestia, tirei. Andei, sem medo, pelas ruas que, agora cor de rosa, refletiam seus tons em mim. Eu, branca nua, enrubesci, mas não por vergonha ou embaraço. Ruborizei com o sangue que pulsava com teu pulsar naquele beijo que te dei.
Com amor,
Catarina.