sábado, 26 de fevereiro de 2011

A gralha que gargalha calculista


A gralha que gargalha calculista

Fita meus olhos turvos em segredo

Sorrateira, os inunda com o medo

Que transborda na gota derrotista


O silêncio sufoca, derradeiro

E a gralha mata o anestesista:

O grito - que some sem deixar pista.

Levo as mãos à boca em desespero


É música no bico desse artista

Que geme e grasna e grita um pesadelo

De visões desgraçadas que eu mereço


Forço os olhos abertos – estremeço.

É estrela dessa orquestra, é solista

A gralha que gargalha calculista.




quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

المثالي



Em uma tentativa vil de desvirginar o labirinto que suga a humanidade

Meti minhas mãos naquela frívola multidão

Mas em vez de encontrar a alma que o corpo inunda

Rasguei vísceras de sangue pérfido e grosso

Uma corrente horrenda dotada de um monocromatismo monstruoso

Uma mistura de tons naquela universal vermelhidão


Em monólogos absortos, mas angelicais

Escalei as muralhas dos inconscientes

Mas esse silencio, esse mistério me impede de subir mais e mais


E agora esse corvo gargalha nos meus umbrais, convulso

E a noite funciona como um firme pulso

Onde me perdi na obsessão que em minha alma também um fígado sangrava

Que em minha alma também uma garganta gemia

E vi meu corpo coberto de desgraça

Na incerteza do que e do que não havia.




23/05/05