sábado, 3 de abril de 2010

Eyes


Essa Indiferença sempre aterrorizou Catarina
mais que o desprezo, mais que a repulsa.



A Indiferença é uma pedra que, embora pedra, pulsa e vibra.
Uma pedra açoitada por musgos e cobras-cegas.
Uma pedra que se faz inerte, ainda que orgânica, que finge e se deixa sabotar.
É a
alma em estado vegetativo, na margem do ser, pronta para a queda.
É o coma dos Sentires, que mantém o Querer anestesiado e preserva-o refém dos dedos firmes que envolvem o chicote.
É a
faca apática, fina e oportuna, que pressiona até romper. Rompe e deixa brotar o córrego que se esvai até o fim.

Combate subaquático. Desesperado, porém surdo.
Arroxeia as extremidades e retarda os batimentos cardíacos.






Cansada, Catarina se vê afrontada,
quase sem forças, nessa batalha sem futuro
pelos olhos dele nos dela.







Um comentário:

Pietro Morais disse...

Nunca tinha lido algo como este texto sobre a Indiferença. Ficou muito bom!