quinta-feira, 10 de março de 2011

Catarina tremia, incerta

Catarina tremia, incerta. Estava estranha, diferente. Desistira, não encontrava mais forças para lutar. Ou finalmente as encontrara? Não importa. Olhando-se no espelho um tanto empoeirado decidia-se pouco a pouco. E Catarina tremia, precisa. Uma grande ideia para um novo começo: umedeceu uma camiseta velha e limpou o espelho. Agora sim. Sabia que ele não era culpado, mas agora sim Catarina se via com clareza. Certa, ligou para ela:

- Preciso que você venha. Preciso que você venha e traga o que me inunde. Preciso que você traga o calor, que traga o brilho. Preciso ser aquecida, iluminada. Venha e traga o segredo para que eu me sinta bem ao menos essa noite. Venha e traga isso que me faz rir ao mesmo tempo em que arrepia e formiga e umedece e faz querer.

...

Já era noite quando ela chegou à casa de Catarina. Tocou a campainha. Ela era linda. Do tipo engraçada, do tipo intelectual, do tipo amiga, do tipo sexy, do tipo perfeita. E estava mais linda, do jeito que se faz quando se quer estar. Os olhos de Catarina brilharam. E eles imploravam de um jeito tão avassalador que o que fora pedido fosse fato que ela entendeu que aquilo precisava ser feito. E rápido:

- Gata, trouxe esse livro de Hilda Hilst que ganhei de amigo secreto no natal. Agora vou indo, ele me ligou e a noite hoje promete.

Deu as costas e saiu.

Catarina, desnorteada, começou a ler. Catarina até riu e quando sentiu um leve formigamento deitou-se e o colocou entre as pernas. Pensou:

- É, serve.

2 comentários:

Rafaella Oliveira disse...

hum... muito me gusta!!! adorei!

Luciana Marinho disse...

que belos escritos! belos mundos... me deu alegria passar por aqui!