O espelho não deixava margem para mentiras.Catarina estava deslumbrante.
Acordou naquele dia com uma sensação inexplicável de serenidade.
Acordara há pouco e já estava de saída. Eu tinha essa certeza, era seu costume acordar às 07h20min, todos os dias, religiosamente. Não eram 08h quando, da minha janela, observei Catarina se distanciando. Estava encantadora. Usava um vestido de verão com um charmoso chapéu. Provavelmente seria para se proteger do sol, entretanto, em Catarina, se transformava em uma arma.
Sem perceber, Catarina atira contra mim a cada passo firme dado. Lança projéteis revestidos de dourado em minha direção. Estraçalha meus braços, pernas, tórax, rosto. Minha carne, rente aos ossos, não suporta mais os bombardeios.
"Absorve um oceano de pedras, mas não deixa naufragar a célula que te deu origem."