terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Flow


O espelho não deixava margem para mentiras.

Catarina estava deslumbrante.

Acordou naquele dia com uma sensação inexplicável de serenidade.






Acordara há pouco e já estava de saída. Eu tinha essa certeza, era seu costume acordar às 07h20min, todos os dias, religiosamente. Não eram 08h quando, da minha janela, observei Catarina se distanciando. Estava encantadora. Usava um vestido de verão com um charmoso chapéu. Provavelmente seria para se proteger do sol, entretanto, em Catarina, se transformava em uma arma.

Sem perceber, Catarina atira contra mim a cada passo firme dado. Lança projéteis revestidos de dourado em minha direção. Estraçalha meus braços, pernas, tórax, rosto. Minha carne, rente aos ossos, não suporta mais os bombardeios.





Baderna de sentimentos em um coração dilacerado.
Fraco, pulsa ritmado, na mesma frequência dos tiros.
Anseia a trégua pela sobrevivência.
Esquece que, sem esse marca-passo, a sobrevivência se torna ilusão.


"Absorve um oceano de pedras, mas não deixa naufragar a célula que te deu origem."






4 comentários:

Lorrayne Toebe disse...

Intenso, êxtase pleno.
Parabéns

Liuri Loamí disse...

ótimo. ótimo texto. sério.
Não é qualquer um que tem a capacidade de ler uma coisa tão sublime assim, confesso que tive dificuldades.

numberpi.blogspot.com

Qualquercoisa disse...

Nossa...adorei o seu blog...vc escreve muito bem...

Abração e até mais...

Pietro Morais disse...

Dany sempre recebendo bons elogios com seus textos.. ficou foda realmente! Como o colega falou a poucos "Não é qualquer um que tem a capacidade de ler uma coisa tão sublime assim" concordo 100%.